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O maior problema com a depressão, além do horrível estado que ela impõe, é o julgamento moral que fazemos dela. Isso porque por mais que a pessoa saiba quais são as causas de sua depressão, seja ela química, traumática, sistêmica, neurológica, ou até genética, ela trata o seu próprio sentir "depressivo" como algo moralmente ruim.
Quem vive em permanente estado de depressão tem que, além de se medicar, tratar a depressão com a atitude de um diabético, ou de um hemofílico, que pode sentir todos os desconfortos com o problema, mas não o trata de modo moral como desconforto, por que será que a depressão é sentida de modo moral? Sim, com culpa!
Ou seja: as dores racionais e óbvias, como aquela que é marcada pela morte, são aceitáveis e dignas; porém a dor-tristeza sem "causa traumática", sendo por sua natureza abstrata, é sempre taxada como algo mau, e que pode ir da acusação de falta de fé, passando pela insinuação de que "falta Deus na vida", podendo chegar ao extremo de insinuar frescura...
Lidar com a questão de frente é o que mais ajuda. E tratar o tema como se fosse "dor de dente" ajuda mais ainda.
A dor, no entanto, deve ser acolhida com tranquilidade, e choro com paz, e falar do assunto com naturalidade.
As causas da depressão são muitas, e vão desde predisposições genéticas, passam pela constituição psicológica, caminham por dentro do mundo dos traumas e perdas, e podem ser, também, de natureza química, com disfunções na engenharia cerebral ou neurológica. Há também casos de depressão provocada pelo uso excessivo de certas drogas ou álcool.
Ora, mesmo sabendo de todas essas variáveis, se eu tivesse que dar um Conselho Geral a Todos os Deprimidos, independentemente da causa da depressão, eu diria o seguinte:
1. Faça de qualquer depressão um bem, simplesmente não gerando associação entre o estado de depressão a qualquer forma de culpa moral.
2. Não se fixe na depressão. Deixe que ela se vire sozinha. Dar atenção à depressão é como fazer carinho na tristeza como vício. Portanto, não a negue, mas não a sente no trono de seu ser como senhora de seus sentimentos.
3. Busque a natureza, o ar livre, a praia, a piscina, o sol, o pé no chão, a grama, a terra, as fontes de águas, as atividades físicas, o toque, o amor, o sexo, a companhia de amigos, os papos diferentes, e, sobretudo, descanse no Amor no que tiver onde tiver de Deus dos amigos, da família... Sei que uma pessoa deprimida quer se prender dentro do quarto, fechar a janela e se enterrar na escuridão, noite e dia. No entanto, pela minha experiência verifico que a natureza e a volta aos elementos básicos da criação têm um poder enorme na cura e restauração das energias psíquicas e vitais, fazendo com que pelo menos 50% do problema comece a se esvair.
4. Não fique com pena de você. Depressão ama autopiedade. Olhe para a depressão como um estado criativo, e não como algo paralisante. Sempre trato a depressão com criatividade.
5. Tome os remédios próprios sem culpa e sem julgamento moral e espiritual acerca do estado para o qual eles são receitados.
Quanto ao mais e na aplicação desse conteúdo conte comigo nesse processo.